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domingo, 23 de setembro de 2007

Um freio no preconceito

O Dia/Rio - Elas estão cada vez mais guiando nossas vidas. Mas, embora apareçam freqüentemente na direção de táxis, ônibus e vans, as mulheres ainda sofrem com o antigo preconceito de que não são boas de roda. Com 25 anos de experiência, a taxista Marlene Batista de Moura, 49 anos, revela que já perdeu a conta dos prejuízos que teve por causa da discriminação.
“Esta semana mesmo já perdi duas viagens, só por ser mulher. E o pior é que nos dois casos os clientes também eram mulheres. Por incrível que pareça, elas são muito mais machistas e preconceituosas do que os homens”, afirma Marlene, que está entre as 4.500 mulheres que trabalham como taxistas na capital.
O preconceito não tem fundamento nos números. Segundo o Detran, há três homens habilitados a dirigir para cada mulher. No entanto, dos 14.788 acidentes registrados no Rio ano passado, apenas 924 (6,24%) foram provocados por elas, índice proporcionalmente bem inferior. “As mulheres são muito mais prudentes do que os homens ao volante”, diz a coordenadora de estatística do Detran, Alda Araújo.
Há três anos pilotando ônibus, a motorista Sílvia Helena Dutra, 30, é outra vítima do preconceito. “Por mais que tentem, muitos passageiros não conseguem esconder o susto que levam ao ver uma mulher guiando um ônibus. A impressão é que pensam que não somos capazes de dirigir um veículo tão grande, o que é ridículo”, diz Sílvia, que conta já ter sofrido muito por causa do problema.
“Já voltei para casa abatida várias vezes. Não me conformava com a reação de alguns passageiros, que até desistiam de embarcar comigo e preferiam esperar outro ônibus pilotado por um homem. Mas já me acostumei. Às vezes até me divirto com a cara de susto que fazem ao me ver ao volante”, afirma Sílvia, que trabalha na linha 349 (Rocha Miranda/Praça XV) e reforça o time das 180 motoristas de ônibus que operam em linhas municipais no Rio.
Operando no trecho Itaboraí/Praça XV, a ex-professora Sara Regina Ceseroli, 48, também não escapa da desconfiança dos passageiros. No entanto, ao contrário das outras motoristas, ela admite: “Também sou preconceituosa. Não sei se embarcaria num veículo pilotado por uma mulher que eu não conhecesse”.
“Temos que ser realistas. Não são todas as mulheres que sabem dirigir. Mas também não dá para generalizar, porque as que sabem, como eu, dão show em muito homem por aí. É por isso que quem viaja uma vez conosco não quer mais saber de viajar com homens ao volante”, provoca Sara, que tem pelo menos 250 companheiras de profissão só no município do Rio.
Mais prudentes e cuidadosas do que os homens, as mulheres também são consideradas mais confiáveis pelas empresas de seguro de veículos. Prova disso é que, segundo a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), elas pagam até 20% menos que os homens pela proteção de seus carros por serem menos “arrojadas”.
Matéria da Rede PDT de 22/09/2007

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